7 Dias em Entebbe (7 Days in Entebbe – 2018)
No filme, Jose Padilha entrega seu trabalho mais fraco, apático, desorientado, narrativamente preguiçoso, inspirado na história real ocorrida em 1976, o sequestro do Air France Flight 139, que ia de
Tel Aviv a Paris. Com apenas uma semana para cumprir o ultimato dos
terroristas, após o pouso forçado em Entebbe, na Uganda, o governo de Israel
deve tomar uma decisão crítica: negociar ou iniciar uma missão de resgate
aparentemente impossível.
A estrutura deste thriller político é repetitiva, apesar dos
esforços consideráveis do sempre competente editor Daniel Rezende,
especialmente na utilização metafórica da dança contemporânea no ponto alto do
filme, arrastando personagens caricaturais em uma sucessão de sequências
desgastadas.
A tentativa de estabelecer um tom de sobriedade respeitável
é boicotada porque não há investimento emocional, o espectador fica refém dos
instintos mais básicos, logo, dependente do desfibrilador que o reanima pela
tensão. O problema é que o ritmo é irregular, o senso de entretenimento se
perde na retórica excessiva, não há suspense, não há catarse.
É louvável o roteiro evidenciar que o maniqueísmo só serve
em histórias infantis, propondo uma análise justa e isenta do conflito entre
Israel e Palestina, mas seriedade não é necessariamente sinônimo de frieza. Pouco
coração e muitos letreiros. Em teoria, a trama é conduzida por cenas de ação,
na prática, as soluções se sucedem de forma incompreensivelmente convencional e
entediante.
Quando lembramos que Padilha injetou frescor no gênero com
“Tropa de Elite”, qualidade que atraiu a atenção dos produtores
norte-americanos, a sensação de frustração somente aumenta.
* Crítica publicada no Caderno B do “Jornal do Brasil” (19/04/18).