Fuga de Sobibor (Escape from Sobibor – 1987)
Baseado em uma história real, adaptado do livro de Richard Rashke, o filme aborda a fuga de prisioneiros de um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Um grupo de prisioneiros é temporariamente poupado para poder trabalhar no acampamento, sob condições degradantes impostas pelos oficiais. Relembrando o destino desumano de cada dia, os prisioneiros planejam o impossível.
A premiada produção feita para televisão ganha pontos pela fidelidade ao evento, resistindo à tentação de se debruçar num viés melodramático, pecado usual em obras tematicamente similares.
Quando Jack Gold foi sondado para dirigir, este foi um aspecto fundamental, ele temia entregar mais um filme típico sobre o tema, lucrando com a exploração do grotesco. Como retratar com fidelidade jornalística o ocorrido sem esbarrar na censura televisiva? Em sua mente, transformar o sofrimento dos judeus em um novelão, como em “Holocausto”, de 1978, não era apenas grosseiro, como também zombava da memória do povo.
O fator crucial em sua mudança de atitude foi o comportamento dos prisioneiros de Sobibor, não apenas o plano de fuga, mas a força de espírito impressionante dos judeus que, reconhecendo que a eliminação era inevitável, decidiram tomar o controle da situação. É uma imagem inspiradora. Indivíduos, em sua maioria, sem qualquer treino militar, mulheres, crianças, idosos, pessoas comuns que enfrentaram seus algozes.
Outro elemento importante foi o senso de realismo, o campo havia sido destruído pelos alemães, mas a reconstrução do cenário foi meticulosa, assim como a preparação dos figurinos, com o auxílio de relatos dos sobreviventes. A fotografia de Ernie Vincze opta inteligentemente por cores esmaecidas, agregando à pegada de documentário, já que o material de registro da época era ínfimo. A presença de Alan Arkin traz mais densidade às cenas, mas é o carisma de Rutger Hauer que emociona.
A incrível sequência da fuga do grupo, que tomou cinco dias da equipe, teve a participação de um dos sobreviventes reais, Thomas Blatt, falecido em 2015. O diretor conta que ficou tremendamente emocionado quando, ao final do dia, o senhor foi trazido desorientado por alguns moradores da região.
Ele reviveu tão intensamente o evento, captado com extrema autenticidade, que acabou se perdendo na floresta após correr por horas, amedrontado de verdade.
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