Oito Mulheres e Um Segredo (Ocean’s Eight – 2018)
Recém-saída da prisão, Debbie Ocean (Sandra Bullock) planeja executar o assalto do século em pleno Met Gala, em Nova York, com o apoio de Lou (Cate Blanchett), Nine Ball (Rihanna), Amita (Mindy Kaling), Constance (Awkwafina), Rose (Helena Bonham Carter), Daphne Kluger (Anne Hathaway) e Tammy (Sarah Paulson).
O conceito deste spin-off de “Onze Homens e Um Segredo”, que, por sua vez, retrabalhava o clássico homônimo protagonizado por Frank Sinatra e seus amigos, por si só, não passa de bobagem oportunista que visa lucrar com a onda feminista que está dominando a indústria norte-americana. A ideia não faz sentido algum, preguiçosa releitura rasa sem qualquer interesse em delinear personalidades minimamente interessantes. A irmã do personagem vivido por George Clooney nos projetos anteriores, após sair da prisão, bola um plano de assalto com a ajuda de sete tiras de cartolina ambulantes. A verossimilhança não é necessariamente um elemento fundamental em uma obra como esta, mas é importante que o roteiro não force o espectador a exagerar na suspensão de descrença de cinco em cinco minutos, algo que pode cansar em pouco tempo. O texto parece ter sido feito às pressas, o humor é equivocado, tolo, nem mesmo o carisma das protagonistas consegue operar o milagre.
O roteirista/diretor Gary Ross, de “Jogos Vorazes”, não consegue disfarçar o desconforto com o material, especialmente nas sequências de ação. O ritmo já apresenta problemas no primeiro ato, contrastando com a montagem dinâmica e narrativamente inteligente dos projetos comandados por Steven Soderbergh. O figurino é impecável, refletindo bem a personalidade de cada criminosa, a trilha sonora resgata “These boots are made for walkin”, cantada por Nancy Sinatra, toque simpático de reverência ao original (teria sido mais coerente utilizar algo do repertório do pai dela, mas daí fugiria do tema “lacração feminina”), mas é difícil ressaltar outros pontos redentores.
O filme berra “estilo”, mas é só fachada, não há atitude genuína de coragem na trama, nem mesmo uma reviravolta que afaste a apatia. Não há senso algum de perigo nas ações, tudo é resolvido rapidamente e da maneira mais previsível. A motivação da personagem principal é absurdamente um desserviço à causa feminista, já que ela não busca mostrar ser capaz, apenas se preocupa em se vingar do antigo namorado. É de revirar os olhos, puro constrangimento, um desperdício de ótimas atrizes.
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