Breve reflexão sobre a polêmica recente com jovens youtubers e seus comentários racistas. O tema é irrelevante, mas creio que suscita um questionamento muito importante. Sou totalmente contra linchamento virtual, não é maneira justificável para resolver o problema, apenas representa o extravasamento desequilibrado do ódio (ausência de lucidez) que alimenta os justiceiros virtuais. Dito isto, considero justo e altamente compreensível que estes jovens estejam perdendo seus patrocinadores.
O que me perturba verdadeiramente é constatar que eles tenham conseguido patrocínios de grande porte, enquanto tantos artistas sérios morrem na miséria e esquecidos. O sucesso do errado é um incentivador perigosíssimo. Em qual momento na História do Brasil este trem cultural saiu dos trilhos? O que me espanta é perceber que a sociedade brasileira atual produz/avaliza “influenciadores digitais” com conteúdo de baixíssima qualidade, ou puramente vergonhosos. Esta é a tragédia anunciada de um povo que não valoriza a leitura e somente leva em consideração os números. São famosos com milhões de seguidores, mas analfabetos funcionais, “artistas” desprovidos de arte. ídolos infantilizados que conquistaram reconhecimento ao exibirem em seus vídeos noções equivocadas e tolas sobre os mais variados assuntos.
Mas, claro, eles não brotaram da terra magicamente. A culpa recai nos ombros de todos aqueles que aplaudiram o absurdo, o grotesco. Este país precisa se profissionalizar, amadurecer, tomar juízo. Aqui, o povo ri das manchetes sobre adultos que furtam o refrigerante na lanchonete, enchendo galões com a máquina refil, enquanto que em nações sérias este atendimento sequer necessita de funcionários, as pessoas respeitam o benefício.
Sim, precisamos desesperadamente de EDUCAÇÃO nesta equação, mas, acima de tudo, o povo brasileiro precisa demonstrar que deseja ser educado. Uma das maneiras mais simples de demonstrar esta mudança de atitude? Valorizar aquilo que merece ser valorizado.