O Terrível Mister T (Trouble Man – 1972)
Mister T (Robert Hooks) é um homem durão que trabalha resolvendo os problemas no seu bairro, fazendo o trabalho que a polícia e os advogados não conseguem realizar.
O primeiro elemento que precisa ser celebrado é a trilha sonora, composta pelo medalhão da Motown Records, Marvin Gaye, que tinha acabado de lançar o fantástico (tematicamente ousado para a gravadora) disco “What’s Going On”. As músicas se encaixam perfeitamente na trama, captando a pegada jazzística, apostando em sintetizadores modulares, com destaque óbvio para a música-tema, simplesmente uma das mais marcantes da história deste subgênero.
O protagonista definitivamente é uma resposta brutal à mitificação negra conscientemente cafona de “Shaft”, lançado no ano anterior, ao contrário do detetive razoavelmente diplomático, que não se furtava de apreciar belas mulheres brancas, o Mister T ama apenas os seus irmãos de batalha, ele é a expressão mais radical do orgulho renascido após o movimento dos direitos civis.
O roteiro é superior, mais coeso, não tão dependente de sequências de ação, mais interessado em construir um clima de suspense que convida o espectador a investir emocionalmente na trama. O diretor Ivan Dixon, mais conhecido como ator, que viria a ter mais experiência no formato televisivo, acerta ao afinar no diapasão psicológico, guardadas as devidas proporções, entregando um produto mais humanista do que normalmente se espera de um blaxploitation, até os contornos sexuais, tão explorados por seus similares, recebem menos atenção.
A primeira sequência de “ação” já dá o tom, uma partida de sinuca em que o protagonista consegue elegantemente tratar de negócios e impor respeito no adversário, destruindo seu emocional sem abrir a boca.
Cotação: