A Visão do Terror (TerrorVision – 1986)
Poderosa forma de energia vinda do espaço provoca estranhos fenômenos na Terra, quando captados pela antena parabólica de uma família norte-americana.
Uma das gratas surpresas deste ano é a DarkFlix, plataforma streaming nacional que está exibindo gratuitamente filmes e séries de terror e ficção científica 24 horas por dia, praticamente o sonho de todo nerd que viveu a época de ouro do Cine Trash nas tardes e noites da Band.
Entre um texto e outro, dei uma passadinha lá no site e vi que estava começando esta pérola, não pensei duas vezes, acompanhei até o final. Já não lembrava de quase nada, apenas do menino que passa o tempo todo com uma metralhadora, crítica debochada aos excessos na cultura das armas, e dos exóticos pais, festivos praticantes de swing, hilário!
Vale destacar a presença do galã argentino Alejandro Rey, que teve papel de destaque em “O Seresteiro de Acapulco”, como antagonista de Elvis Presley, depois ficou mais conhecido pela série “A Noviça Voadora”, e que, um ano antes de falecer, vive aqui o canastrão grego que é convidado para o templo dos prazeres do casal.
A direção é de Ted Nicolaou, que viria a comandar anos depois o cultuado “Subspecies – A Geração Vamp”, mas que começou sua carreira como captador de áudio na equipe do clássico “O Massacre da Serra Elétrica”, de Tobe Hooper. Produzida pela Empire, de Charles Band, pouco antes dele criar a Full Moon, lendária casa de muitas das melhores picaretagens (no melhor sentido da expressão) no gênero.
O roteiro, de Band e Nicolaou, homenageia com muito humor o fascínio dos filmes B, simbolizado na figura da hiperssexualizada apresentadora de TV, Medusa, inspirada no sucesso da Elvira (Cassandra Peterson), que também migraria para o cinema anos depois.
O tom é coerente com o espírito subversivo de “Rocky Horror Picture Show”, mas com uma pegada deliciosamente mais grosseira, encontrando espaço até para inserir críticas corajosas aos absurdos do modo de vida da época, com direito à criança frequentemente medicada para se comportar, a irmã adolescente sósia de Cyndi Lauper idiotizada, o seu namorado metaleiro completamente estúpido, além de um vovô paranoico militarista que vive em um bunker fortemente armado.
É tosco e de mau gosto? Óbvio! A proposta é exatamente esta, o alienígena gosmento que é trazido para a sala de estar da família pela antena parabólica, o gore insano, tudo pensado para divertir. Os 83 minutos passam mais rápido que aquela abertura musical do superestimado “Game of Thrones”.
Sendo bem sincero, para o desespero dos pseudointelectuais e arrogantes de plantão, eu troco qualquer bobagem umbilical recente do Godard por esta fita maravilhosa.
Cotação: