William Witney foi um dos grandes diretores da era de ouro de Hollywood, pouquíssimo lembrado, seu admirador mais famoso talvez seja Steven Spielberg. Ele comandou as melhores aventuras dos grandes cowboys da Republic Pictures, já escrevi sobre sua parceria com Roy Rogers, hoje celebro a sua contribuição para a arte de REX ALLEN, sempre acompanhado pelo “milagroso cavalo dos filmes”, Koko.
Vale destacar o seu companheiro cômico mais frequente, Slim Pickens, outro talento que é injustamente esquecido, que viria a protagonizar uma cena icônica na história do cinema, “cavalgando” a bomba de hidrogênio em “Dr. Fantástico”, de Kubrick, e uma das sequências mais bonitas do faroeste, em “Pat Garrett e Billy the Kid” (1973), de Sam Peckinpah, vivendo o xerife que se despede da vida ao som de “Knockin’ on heaven’s door”, de Bob Dylan. Outro momento inesquecível é sua hilária participação como assistente do xerife vivido por Karl Malden em “A Face Oculta”, dirigido por Marlon Brando.
Ídolo das saudosas matinês dos anos 40 e 50, Rex Elvie Allen, o “Cowboy do Arizona”, seu apelido mais famoso, brilhava com intenso carisma nas empolgantes cenas de ação e, claro, entoando belas canções, sempre enaltecendo bons valores para a garotada, em produções de baixíssimo orçamento, porém, com muito coração. O seu sucesso veio já no crepúsculo deste período rico para o gênero, pode-se afirmar que ele foi o responsável por desligar as luzes desta fábrica de sonhos, que perdeu terreno para a popularização da televisão. Ele também teve uma prolífica carreira como narrador de filmes, principalmente para os estúdios Disney.
Rex Allen faleceu em 17 de dezembro de 1999, dias antes de completar 79 anos de idade, de maneira absurda, atropelado em seu rancho por um funcionário, que não havia percebido seu corpo estirado no chão, após sofrer um ataque cardíaco.
Cavaleiro do Colorado (Colorado Sundown – 1952)
Rancheiro ajuda um amigo a reivindicar uma herança, mas acaba se envolvendo em seu assassinato.
Já nos primeiros dez minutos você percebe que está diante da melhor aventura de Rex Allen, sendo presenteado com uma síntese perfeita da fórmula vitoriosa, uma divertida canção, humor afiado e o salvamento heroico de duas damas em uma carroça desgovernada. A obra é roteirizada por Eric Taylor (responsável pelo “Fantasma da Ópera” do estúdio Universal), a primeira em parceria com Slim Pickens, com a presença encantadora de Mary Ellen Kay, e, como coordenador nas cenas de ação, o lendário Fred Graham (como curiosidade, em “Um Corpo Que Cai”, de Hitchcock, ele é o policial que cai do telhado). Vale destacar a presença imponente da vilã vivida por June Vincent, antecipando em alguns anos a brabeza de Barbara Stanwyck em “Dragões da Violência”, antes mesmo de Joan Crawford inaugurar oficialmente o faroeste feminista com “Johnny Guitar”.
Flecha Ligeira (Old Overland Trail – 1953)
Anchor e Rex precisam enfrentar os índios Hawks para construir uma ferrovia e evitar os ataques aos trens.
Esta pérola é especialmente marcante para fãs da clássica série “Jornada nas Estrelas”, já que conta com a participação de um jovem Leonard Nimoy, o eterno Dr. Spock, vivendo um chefe indígena que é manipulado pelo ganancioso vilão, vivido pelo sempre competente (na seara vilanesca) Roy Barcroft. Rex vive um agente indígena que tenta ajudar a construir uma ferrovia. Gil Herman vive seu irmão mais velho, elemento que agrega sabor especial ao conflito, envolvido com o bandido em um plano para impedir a construção. A trama é simplória, mas Witney entrega, como sempre, sequências eletrizantes. Dentre os interlúdios musicais, destaco o momento em que Rex faz um dueto yodel com o eco de sua própria voz nas montanhas.
Olá, ótima lembrança. Meu pai é um amante desses filmes que assistia em sua juventude, porém, é praticamente impossível encontrar esses dois filmes hoje em dia. Sabe se existem as versões dubladas em algum lugar ainda?