O Último dos Seis (Le Dernier des Six – 1941)
Depois de vencerem uma aposta, seis amigos prometem compartilhar sua fortuna em cinco anos, mas um deles é misteriosamente eliminado, e depois mais outro… O superintendente Wenceslas (Pierre Fresnay) está encarregado da investigação dos crimes.
Produzido durante a ocupação pelo estúdio Continental Films, controlado pela Alemanha, esta obra, precursora do subgênero “Polar” (o Noir francês), traz no roteiro, baseado no livro de Stanislas-André Steeman, “Six hommes morts”, a sagacidade do grande Henri-Georges Clouzot, em início de carreira, injetando humor em diálogos espetaculares, talento que, de forma justa, acaba eclipsando a direção segura de Georges Lacombe, nome pouquíssimo lembrado hoje em dia, que começou como assistente de René Clair, responsável por pérolas como “Mulher Perversa” (1946) e “La Nuit est mon Royaume” (1951). Ele se recusou a filmar uma cena de dança que considerou redundante com Michèle Alfa, atitude que irritou os produtores, que decidiram cancelar seu contrato após o término. Jean Dréville se encarregou da tarefa e Lacombe ficou aliviado, já que o financiamento vinha todo do regime hitlerista.
Pierre Fresnay, vivendo com segurança o investigador, protagoniza alguns dos momentos mais tensos, como quando interroga informalmente um dos suspeitos no bar, extraindo informação durante uma aparentemente inofensiva conversa sobre hábitos de jogatina. A atmosfera sombria e sutis modificações em seu gestual elevam gradativamente o senso de perigo, sem qualquer facilitação narrativa óbvia. Vale destacar também a parceria espirituosa que Clouzot engendrou, entre Wenceslas e sua namorada, vivida por Suzy Delair, claramente inspirada na relação entre os personagens de William Powell e Myrna Loy em “A Ceia dos Acusados”.
Um tesouro que merece ser garimpado na internet, especialmente para aqueles que apreciam boas tramas de mistério.
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