Afinado no Amor (The Wedding Singer – 1998)
Robbie Hart (Adam Sandler) é um compositor frustrado que canta em festas de casamento. Em uma certa noite ele conhece Julia Sullivan (Drew Barrymore), uma bela garçonete que se saiu muito bem no seu primeiro dia de trabalho. Os dois estão de casamento marcado com outras pessoas, mas o destino lhes reserva uma surpresa romântica.
Tim Herlihy é quem assina os roteiros das melhores comédias protagonizadas por Adam Sandler, como “O Paizão”, “Um Maluco no Golfe” e a adorável celebração oitentista “Afinado no Amor”, que conta com uma trilha sonora fantástica e marca a primeira parceria do ator com a amiga Drew Barrymore, uma química poderosa em cena.
O resultado é beneficiado por revisões, o humor encanta pela honestidade ácida dos diálogos (mérito do dedo da saudosa Carrie Fischer no texto), e, acima de tudo, há um coração pulsante que dribla a tradicional cafonice do gênero.
Um dos momentos mais lindos do filme é aquele em que Robbie canta o standard “That’s All” na festa judaica, enquanto a bela Julia dança com o adolescente que sofria bullying, você consegue enxergar a paixão sendo despertada por aquela atitude. Outro, já no diapasão cômico, surpreende pela ausência total de sutileza, vemos o rapaz compartilhando com a amiga uma composição produzida em duas situações contrastantes, antes e após o término do relacionamento com a ex-noiva.
O ponto em comum, um faz o outro rir, ao contrário da maioria das comédias românticas, o público não é levado a rir deles e de suas ações, os personagens é que riem com o público.
As duas sequências representam a fórmula tratada com doçura, sem o cinismo que parece ter contaminado o gênero nos últimos anos, não buscam reinventar a roda, apenas se debruçam no carisma dos protagonistas, que, entre uma troca de olhar e outra, conquistam naturalmente o investimento emocional do espectador.
Ela deseja fazer com que ele volte a ser o romântico sonhador que era antes do término traumático, processo que também a auxilia a entender as engrenagens tortuosas da indústria de casamentos, obrigação social frágil que produz uma quantidade considerável de adultos frustrados, contratualizando a simplicidade indomável do amor.
A cena final no avião é o símbolo perfeito do que realmente importa em um relacionamento, não se trata de tentar parecer feliz o tempo todo ou ser o mais bem-remunerado em sua profissão, a admiração do outro não é conquistada pela altura da montanha que você escala, mas sim, pela forma carinhosa com que você interrompe o esforço de vez em quando para agradecer pela beleza da paisagem.
O elemento que sustenta um casal por anos, como na canção de Robbie, “quero te carregar quando a sua artrite estiver braba, tudo que quero é envelhecer contigo”, a cumplicidade nas pequenas coisas rotineiras, dedicar tempo generoso em ser gentil.
“Afinado no Amor” é uma comédia romântica encantadora que merece ser redescoberta.