Entre a Loura e a Morena (The Gang’s All Here – 1943)
Cantora se apaixona por um soldado que está partindo para uma missão e na verdade é o filho de um milionário, origem que ele esconde dela. Ao voltar, ele reencontra a jovem em uma festa beneficente promovida por seu pai, e ela conhece também a noiva dele, por conveniência das famílias dos dois.
Na revisão recente, em exibição na Rede Brasil, constatei que este musical com canções compostas por Harry Warren e Leo Robin segue eficiente, uma pérola com momentos muito espirituosos, surreais até, como o desfecho ao som de “The Polka-Dot Polka” e, claro, o muito citado “The Lady in the Tutti-Frutti Hat”, protagonizado por Carmen Miranda. A presença do grande jazzista Benny Goodman é a cereja do bolo, com a divertida “Paducah”. Alice Faye brilha defendendo com sua voz de contralto a bela “No Love, No Nothin'”, cuja letra sintetiza a angústia das esposas que aguardam os maridos que foram para a guerra, representando a essência e a função principal destes espetáculos escapistas em seu tempo.
“Entre a Loura e a Morena” foi o primeiro trabalho inteiramente dirigido por Berkeley em cores, dá para notar o entusiasmo dele com o recurso, algo que deu asas à sua imaginação, levou ele a transcender a extravagância usual teatralizada e arriscar até flertes cubistas de pura abstração. O roteiro é compreensivelmente simplório, uma grande bobagem, desculpa para esbanjar o carisma do elenco, com destaque para a encantadora Charlotte Greenwood, com suas tradicionais longas pernas elásticas.