O Destino de Uma Nação (Darkest Hour – 2017)
Winston Churchill (Gary Oldman) está prestes a encarar um de seus maiores desafios: tomar posse do cargo de Primeiro Ministro da Grã-Bretanha. Paralelamente, ele começa a costurar um tratado de paz com a Alemanha que pode significar o fim de anos de conflito.
A liderança política, principalmente em tempos de guerra, não precisa ser polida, elegante, graciosa, mas necessita ser respeitada por sua segurança intelectual e por sua firmeza de atitude, quando o inimigo sem escrúpulos fareja fraqueza, indecisão, ele se agiganta, vira o jogo. Não se negocia com terroristas, não se acata o injustificável, não se volta atrás de um compromisso estabelecido, coerência é fundamental, assim como a coragem, todos aqueles que marcam as páginas da História positivamente exibem estes traços de caráter.
Churchill enxergava longe, alertou para o perigo alemão muito antes do resto do mundo entender o que realmente estava acontecendo por trás dos panos, foi convocado na hora mais crítica exatamente por este motivo, os seus esforços foram essenciais na vitória.
O roteiro de Anthony McCarten inteligentemente humaniza o personagem desde a primeira cena, evidenciando suas qualidades e defeitos, amparado na entrega inspirada do grande Gary Oldman, o maior mérito da obra, que consegue suavizar com seu natural bom humor a pegada austera e classuda do diretor Joe Wright, de “Desejo e Reparação”, com o auxílio da sóbria fotografia de Bruno Delbonnel, sem jamais abraçar a pueril caricatura.
O filme consegue transmitir a sensação de desespero sem se esquivar da proposta intimista, focando nas engrenagens burocráticas, as escolhas difíceis sem tempo para pensar, o poder simbólico e inspirador da oratória que pode ser mais contundente que a espada, provocando no espectador uma gradativa admiração pela força de espírito do homenageado.
A sequência do metrô, já próxima do desfecho, representa bem este direcionamento, apesar de ser compreensivelmente afinada no diapasão melodramático, mostrando ele interagindo divertidamente com os cidadãos, que se mostram chocados ao constatarem sua presença. Ao sentir diretamente os anseios do povo, ele entende que está no rumo certo. A única coisa que devemos temer é o próprio medo.
“O Destino de Uma Nação” é extremamente competente, ganha muito em revisões, um recorte histórico importante que jamais pode ser esquecido.
Cotação: