A Vida de Um Tatuado (Irezumi Ichidai – 1965)
Dois irmãos yakuza tentam ter uma vida honesta numa cidadezinha do interior, mas não conseguem fugir do passado criminoso.
Uma das maiores inspirações para o “Kill Bill”, de Tarantino. É o que normalmente se escreve quando se aborda este filme, que é o meu favorito do diretor. Tremenda injustiça, reduzir esta espetacular obra-prima à posição de influenciadora de um projeto menor, ainda que popular e divertido.
Sem revelar muito sobre a trama, para não prejudicar a experiência, foi a primeira vez que Suzuki recebeu um alerta de seus superiores sobre ter ido longe demais em seu estilo, o que, por si só, já seria motivo suficiente pra despertar o seu interesse e fazer com que redobre a atenção especialmente em seu magnífico desfecho. A história incita investimento emocional, algo que não é usual na filmografia dele, por este motivo considero um excelente ponto de partida.
O segundo ato tem um ritmo inteligentemente mais lento, exatamente para estabelecer com cuidado a relação entre os irmãos, especialmente suas motivações antagônicas, o que favorece a catarse psicodélica que ocorre no terceiro ato. Sobra espaço no roteiro até mesmo para uma subtrama romântica.
“A Vida de Um Tatuado” mostra Suzuki dominando o equilíbrio perfeito entre suas invencionices autorais e a necessidade de entregar um produto de valor comercial.
* O filme não está nas plataformas de streaming, mas você encontra em DVD e, claro, garimpando na internet.