O Candidato (The Candidate – 1972)
Bill McKay (Robert Redford), o candidato do Partido Democrata ao Senado dos Estados Unidos, um homem de integridade e ideais, não se deixará manipular pela máquina política americana. O filme é uma incisiva visão de como publicitários, assessores de imprensa e empresários de comunicação se unem durante uma campanha eleitoral.
Este filme de Michael Ritchie é uma aula sobre como funciona este grande teatro que é a política, um verniz frágil de boas intenções para o coletivo, mas que esconde apenas um intenso interesse no poder individual. O roteiro entrega os vários elementos da engrenagem podre, como a importância de firmar a imagem do candidato como um homem de família, com uma bela esposa (de fachada ou não), um corte de cabelo comportado, ainda que genuinamente ele não saiba qual a sua função no esquema.
O filme mostra também a nada ética ajuda de empresários da comunicação, que acabam favorecendo descaradamente aquele político que irá devolver o favor quando eleito. A estratégia espúria, que vai da forma como o candidato deve se posicionar frente à câmera e a sua maneira de olhar para a lente, passando pelas abordagens com populares nas ruas, até o tipo de assunto que deve ser evitado em um debate. O protagonista, vivido por Robert Redford, foi inserido em um sistema que pouco conhece, como um peão na mão de publicitários.
A sua reação ao final, inseguro como criança quando descobre que venceu a eleição, resume perfeitamente a coragem desta obra: “E agora, o que faremos?” Não é coincidência que este ótimo filme nunca seja exibido na televisão.