Os Meninos da Rua Paulo (A Pál Utcai Fiúk – 1969)
Baseado na obra do húngaro Ferenc Molnár, este é daqueles filmes que uma vez vistos, mantém-se eternamente na memória. Não se assuste se em sonhos, você se surpreender combatendo na Rua Paulo ao lado de seus amigos de infância.
Adaptar a obra literária húngara mais famosa de todos os tempos para o cinema não deve ter sido fácil, mas o diretor Zoltán Fábri conseguiu o feito, sem apelar para pieguices exageradas ou extrema austeridade, como seria comum na maneira americana de lidar com temas assim.
A história relata as batalhas de pré-adolescentes humildes na Budapeste de 1889, que defendem um terreno baldio (palco de suas brincadeiras) da invasão de um grupo de adolescentes ricos. O confronto ingênuo permeado de “bombas de areia” e empurrões acaba levando às mesmas consequências tristes de qualquer guerra. Existe uma hierarquia no exército da Rua Paulo, onde o frágil e esforçado soldado raso Nemecsek tenta a todo custo demonstrar seu valor perante o corajoso general João Boka.
Nasce destas situações um humor que nos remete facilmente ao mundo complexo da criança, pois eles não lutam por alguns metros quadrados em um terreno baldio, lutam para conquistar a liberdade e pelo direito de exercerem plenamente sua criatividade.
Como em todas as guerras, existem traições e demonstrações de valor nas condições mais extremas. Tanto o livro quanto o filme deixam bastante claro suas analogias e reais intenções: mostrar que, ao contrário do que muitos pensam, a infância é tão densa e conflituosa quanto a idade adulta.
“Os Meninos da Rua Paulo” é um filme obrigatório para todo cinéfilo dedicado.