O Segundo Rosto (Seconds – 1966)
O roteiro é, em sua essência, um pesadelo faustiano dos mais assustadores. Uma resposta corajosa para a eterna questão: o que você faria se lhe fosse ofertada uma segunda oportunidade na vida? É o que descobre o personagem vivido por John Randolph, quando é convidado a participar de um enigmático projeto.
Já tendo passado dos 50 anos de idade e dedicado toda sua vida ao trabalho exaustivo, ele encontra uma uma oportunidade única de renascer com uma nova identidade. Com o auxílio de cirurgias plásticas, recebe sua jovialidade de volta e a liberdade para evitar cometer os mesmos erros.
Rock Hudson interpreta o personagem após o renascimento, com uma entrega raras vezes experimentada pelo ator, acostumado na época ao conforto dos papéis de galã. A sua interpretação é auxiliada pela câmera instável de John Frankenheimer, fundamental para que nos envolvamos na atmosfera onírica da obra. O filme (como todos à frente de sua época) não fez sucesso em sua estreia, chegou a ser vaiado em Cannes.
Visto hoje, com sua fantástica abertura idealizada pelo genial Saul Bass, uma trilha perfeita de Jerry Goldsmith e uma fotografia impecável de James Wong Howe, a obra se apresenta incrivelmente atual, tocando fundo no questionamento de como a sociedade é estruturada.