Negócio Arriscado (Risky Business – 1983)
Joel Goodsen (Tom Cruise) nasceu em Chicago, tem apenas 17 anos e está a caminho da faculdade. Inteligente e responsável, ele é considerado um rapaz de futuro, o filho ideal. Mas ele tem sido “bonzinho” há muito tempo. Quando seus pais, que são superprotetores, viajam de férias, deixam a casa sob sua responsabilidade. Atraído pela liberdade, seu primeiro passo é um ataque ao armário de bebidas, seguida de uma voltinha proibida no carro do pai e uma noite de paixão com uma garota de programa (Rebecca De Mornay).
Ainda que seja essencialmente uma comédia apimentada adolescente, o subtexto da trama toca em questões profundas, como a angústia típica de uma fase exploratória, equivocadamente tida por muitos como uma sucessão de festas e gargalhadas. O arco narrativo do protagonista, vivido por Tom Cruise, retrata com perfeição o fim da inocência, aquele momento na vida em que percebemos que o mundo é pintado em tons de cinza. Sobra espaço até mesmo para uma poderosa crítica à sociedade que visa apenas o “ter”, nunca o “ser”.
Os diálogos são inteligentes, num nível muito acima do que normalmente esperamos de obras similares, como o lema que é ensinado ao protagonista: “De vez em quando diga: que se dane. Isto traz liberdade. Liberdade traz oportunidades. Oportunidades fazem o seu futuro”. Um dos pontos mais interessantes no roteiro é que ele jamais conduz o público ao olhar condenatório diante das atitudes do rapaz e, além disto, possibilita camadas de interpretação que (guardadas as devidas proporções) humanizam até mesmo a calculista Lana (Rebecca).
As suas sequências oníricas ousadas elevam ainda mais a qualidade do material. “Negócio Arriscado” é uma subestimada pérola que merece ser redescoberta, está mais para “A Primeira Noite de Um Homem” ou “Loucuras de Verão”, do que para “American Pie”.