O Gato de Nove Caudas (Il Gatto a Nove Code – 1971)
Um repórter e um jornalista cego aposentado tentam resolver uma série de crimes e acabam se tornando alvos do criminoso.
Este é o meu favorito da Trilogia dos Animais, peças fundamentais no giallo, com o diretor demonstrando tremenda evolução em seu segundo trabalho, uma maior segurança em seu estilo, marcado pela utilização generosa da câmera subjetiva, representando o ponto de vista do criminoso, transformando ele em um caçador urbano que persegue suas vítimas de forma quase animalesca, referência intensificada no uso constante de planos de detalhe no olho do assassino.
Após “O Pássaro das Plumas de Cristal”, Argento ousa quebrar alguns paradigmas estabelecidos por ele mesmo no anterior, minimizando a violência, potencializando o impacto das cenas com truques de edição, seguindo os ensinamentos do mestre Alfred Hitchcock. Destaco aqui a fantástica sequência do ataque na estação ferroviária, o ponto alto do filme, que contém uma mordaz crítica ao culto das celebridades, já que toda a comoção pública com a tragédia é interrompida e esquecida, minutos depois, quando uma atriz famosa desce do trem.
A parceria entre o jornalista cego (Karl Malden) e o repórter (James Franciscus), além de funcionar pela ótima química dos atores, é favorecida também pela presença da pequena e adorável neta do jornalista, tão inteligente quanto os dois, inserindo doçura e um toque de conto de fadas sombrio ao produto final.
* Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.