O Desafio Final (Bloody Mary Killer – 1993)
Quando um psicopata elimina sua irmã, uma garçonete (Cynthia Rothrock) adepta das artes marciais decide procurar o criminoso, envolvendo-se numa perigosa caçada.
Uma das seções do “Devo Tudo ao Cinema” mais acessadas pelo público é a “Guilty Pleasures” (prazer com culpa), o que prova que todo cinéfilo apaixonado sabe que filmes ruins também podem ser um magnífico entretenimento. “O Desafio Final” é mais um destes exemplos, um projeto B equivocado em todos os aspectos, involuntariamente hilário, cuja sequência final virou um fenômeno no Youtube, viralizando como “a pior cena de luta já filmada”. Se há algum elemento redentor na obra, atende pelo nome de Cynthia Rothrock, a rainha das artes marciais no cinema.
O lançamento em si já é confuso, o filme possui duas versões, “Undefeatable”, para o mercado norte-americano, e “Bloody Mary Killer”, para o mercado asiático. Na primeira, cortaram totalmente a subtrama protagonizada por Robin Shou (o Liu Kang do “Mortal Kombat”, de 1995), na segunda, inseriram nos créditos iniciais um longo treinamento de Rothrock. Graças aos fãs, há na internet uma terceira versão, que combinou tudo, tornando a experiência mais completa, recomendo que busquem esta, quase duas horas de pura e maravilhosa vergonha alheia.
A trama é fascinantemente estúpida, o vilão (Don Niam), um brutal lutador profissional, fica traumatizado após ser abandonado por sua esposa (Emille Davazac), que havia se cansado de sua agressividade em casa. Ele passa a perseguir na rua mulheres que se pareçam com ela, com o mesmo padrão de vestido que ela usava, sequestrando as pobres estranhas, nocauteando seus namorados, levando-as para uma sala de tortura estilizada, arrumando tempo entre uma caçada e outra para sprayzar tinta na vasta cabeleira. Quando ele descobre o nome da psicóloga (Donna Jason) que havia aconselhado sua esposa no ato da fuga, obviamente ela se torna o alvo principal. O problema do canalha foi atravessar o caminho da irmã da garçonete (Rothrock) lutadora de rua, que recebe a ajuda de um detetive (John Miller), que, por coincidência, também é um exímio mestre das artes marciais, na sua busca por vingança.
A direção é do picareta Godfrey Ho, especialista na controversa arte de filmar 10 filmes ao mesmo tempo, misturando cenas, retirando algumas de uma obra para incluir em outra, claro, sem avisar os elencos envolvidos, e, outro detalhe importante, ele também é conhecido por estimular seus atores ao exagero na expressividade (ele, em sua ingenuidade, acredita que isto é “atuar melhor”), conduzindo vários momentos ao nível da caricatura nonsense.