Assalto ao Banco Central (2011)
Acompanhado das pessoas certas, um homem conhecido como Barão põe em prática o plano perfeito para assaltar o Banco Central e levar toneladas de dinheiro sem disparar nenhum alarme. Uma dupla de agentes federais (Giulia Gam e Lima Duarte) se coloca no caminho do bando.
O sonho cinematográfico do saudoso Marcos Paulo, proporcionado por sua companheira na época, Antonia Fontenelle, foi apedrejado em sua estreia pelos críticos, creio que eu fui um dos poucos que elogiaram, considerando a proposta e, principalmente, a ousadia temática. Lógico que a execução não é perfeita, há problemas técnicos, mas o todo compensa, a experiência é imersiva, a estrutura narrativa, sem gordura extra, faz bom uso do elenco.
As reclamações que eu lia eram patéticas, muitos utilizavam como ponto negativo que a obra não deixava claro que se tratava de duas linhas temporais (leia-se, público acostumado com linguagem mastigada de telenovela), outros sinalizavam em tom negativo que os personagens eram caricaturais (leia-se, não entendeu que ESTA ERA A PROPOSTA), mas, na realidade, eu sei bem o que incomodou tanto meus colegas, sei porque escutei conversas neste sentido entre eles, poucos filmes brasileiros conseguiram personificar tão bem a hipócrita figura do comunista militante, vivido pelo Tonico Pereira, exatamente no auge do governo PT, alguém que, na teoria, soltava palavras de ordem instigando vitimismo no proletariado, mas, na prática, bebia vinho caríssimo em Paris.
Outro mérito do roteiro é entregar também, de forma bem popular, uma crítica ferina aos estelionatários da fé, na figura do pastor vivido pelo Milton Gonçalves, que sugere que o melhor que se pode fazer com altas somas de dinheiro roubado, logo, pecaminoso, é transformar aquele erro em doação para a igreja, claro, a igreja dele.
O subgênero do “filme de assalto” é uma tradição do cinema mundial, com pérolas como “O Grande Golpe” (Kubrick), “O Círculo Vermelho” (Melville), “Bando à Parte” (Godard), “Fogo Contra Fogo” (Mann), “Os Suspeitos” (Singer), “Cães de Aluguel” (Tarantino), “A Origem” (Nolan), “Rififi” (Dassin), “Onze Homens e Um Segredo” (Milestone) e “Um Dia de Cão” (Lumet), entre outros, mas o Brasil nunca havia arriscado algo debruçado nestas convenções, logo, este esforço merece ser aplaudido e estimulado.
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