Um Castelo Para o Natal (A Castle for Christmas – 2021)
Para escapar de um escândalo, uma escritora (Brooke Shields) viaja para a Escócia. Lá, ela se apaixona por um castelo – mas vai ter que encarar o proprietário (Cary Elwes) do lugar, um duque ranzinza.
Se você ama filmes natalinos, vai se encantar com esta pérola que acaba de entrar na Netflix, o roteiro redondo de Ally Carter e Kim Beyer-Johnson administra bem os clichês, objetivando o público adulto, algo cada vez mais raro em comédias românticas. Outro ponto positivo é que, desafiando a previsibilidade da proposta, não há aquele recurso desgastado no gênero de mal-entendidos no segundo ato, o foco é puro divertimento do início ao fim, aquecer o coração e elevar o espírito, gesto muito bem-vindo considerando o momento terrível que o mundo vive.
A veterana diretora Mary Lambert, com vasta experiência em clipes musicais e com alguns projetos cultuados, como “Cemitério Maldito” (1989), não tenta reinventar a roda, ela reconhece que o carisma da belíssima Brooke Shields é a força motriz da obra, mais do que a trama, logo, utiliza com generosidade planos fechados, estabelecendo cedo um tom intimista. A interação dela com as moradoras da região é fascinante, garante sequências que suscitam até reflexões filosóficas inesperadas. Cary Elwes, que o grande público reconhece como o herói do clássico oitentista “A Princesa Prometida”, também não faz feio como o duque ranzinza.
O cenário pode ser impressionante, luxuoso, grandioso, aspecto que a fotografia de Michael Coulter (de “Razão e Sensibilidade” e “Simplesmente Amor”, um projeto natalino muito amado pelo público) faz questão de potencializar, mas o filme é sincero em suas pretensões, jamais se perde na forma, na estética (ponto sempre problemático, por exemplo, nas produções similares do Hallmark Channel), ele privilegia o conteúdo, que, em resumo, trata-se da jornada interna de uma escritora desesperançada no amor em busca de um final feliz.
“Um Castelo Para o Natal” consegue cativar até mesmo os mais cínicos, mesmo que iniciem a sessão com preconceito, uma ótima pedida para reunir a família na frente da televisão.
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