A Breve Noite das Bonecas de Vidro (La Corta Notte Delle Bambole di Vetro – 1971)

Em Praga, um jornalista americano investiga o desaparecimento repentino da namorada.

Não tenho dúvida alguma que, mais do que coincidência, Stanley Kubrick, em “De Olhos Bem Fechados”, efetivamente se apropriou do tema trabalhado no filme por Aldo Lado, que demonstra incrível segurança já em seu primeiro projeto como diretor/roteirista, após uma importante experiência como assistente de direção em “O Conformista”, de Bertolucci, trabalhando com ousadia a estrutura alicerçada em flashbacks.

A mente de Jean Sorel, assim como a do soldado de “Johnny Vai à Guerra!”, excelente livro de Dalton Trumbo que possivelmente serviu como inspiração, segue ativa e aprisionada em um corpo que foi dado como morto.

Interessante pensar que a adaptação cinematográfica do livro de Trumbo, que foi dirigida pelo próprio autor, estreou no mesmo ano. A namorada é vivida pela bela Barbara Bach, seis anos antes de se tornar a bondgirl de “O Espião Que Me Amava”. O que me fascina nese giallo é que seu tom é único no gênero, o roteiro lentamente te envolve no mistério, nunca pesando a mão naquela violência criativa que pontuaria os títulos mais famosos.

E, ao desconstruir a expectativa do público pelo estilo, deixando de lado a espetacularização dos assassinatos e favorecendo o passo a passo investigativo, o roteiro conduz a uma percepção mais profunda deste público pelo conteúdo abordado, a atenção é direcionada para os momentos tranquilos, as conversas aparentemente irrelevantes, tornando a revelação que ocorre no terceiro ato muito mais impactante, e, porque não dizer, ainda mais apavorante.

A cena final, sem exagero, eu considero uma das mais fortes e angustiantes que já vi em todos os gialli.

* Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.



Viva você também este sonho...

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