No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Rumo à Felicidade (Till Glädje – 1950)
A história de amor de dois violinistas, Stig (Stig Olin) e Marta (Maj-Britt Nilsson), que são casados e tocam juntos numa orquestra. A relação pessoal entre eles não vai muito bem até que Marta sofre um acidente e muda o rumo da história do casal.
A obra do mestre sueco Ingmar Bergman é muito estudada, mas os seus filmes iniciais usualmente são desprezados, algo que nunca compreendi, considero fascinante perceber nestas pérolas a construção artística do diretor, com tramas mais simples, emotivas, que, apesar de realizadas com inegável insegurança técnica, transbordam coração. Os meus favoritos deste período são “Juventude” (1951) e “Rumo à Felicidade”.
O acerto principal é que a trama começa pelo desfecho trágico, conduzindo então o público de volta no tempo pelo percurso sensorial da paixão que nasce entre Stig e Marta.
Ao apostar nesta estrutura narrativa, longe de ser uma autossabotagem dramática, Bergman intensifica o sentimento ao fazer com que a felicidade plena seja revelada somente na reavaliação das atitudes, na rememoração de um passado conflituoso, possibilitando ainda, toque de gênio, a inesperada redenção do protagonista.
- Você encontra o filme em DVD e, claro, facilmente garimpando na internet.