No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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O Pintor de Dragões (The Dragon Painter – 1919)
Um homem solitário e genial torna-se um discípulo de um mestre pintor, mas ele acaba perdendo o seu dom divino quando encontra o amor.
O ator japonês Sessue Hayakawa chamou a atenção do mundo com sua participação no ótimo “Enganar e Perdoar” (The Cheat – 1915), de Cecil B. DeMille, uma presença de cena tão marcante que levou os intelectuais franceses da época a cunharem o termo photogenie, conceito que elevava o cinema ao posto de forma de arte inigualável.
Ele, apesar de desconhecido hoje em dia, foi um dos nomes mais importantes da era silenciosa de Hollywood, tão famoso quanto Charles Chaplin na década de 1920, foi resgatado pela indústria em “A Ponte do Rio Kwai”, vivendo o coronel Saito, participou também de “O Rei dos Mágicos”, com Jerry Lewis, mas seu melhor trabalho está na pérola romântica “O Pintor de Dragões”, de William Worthington, em que contracenava com sua esposa na vida real, Tsuru Aoki.
Hayakawa vive Tatsu, um pintor obcecado por uma princesa que acredita ter sido tirada dele “há mil anos” e transformada em dragão, mas sua inspiração some quando ele reencontra o amor, na figura da jovem filha de seu mestre. A trama é simples, mas a atmosfera fabulesca encanta já nos primeiros minutos.
O leitmotiv da engenharia por trás da criatividade de um artista é fascinante, recomendo uma sessão dupla com “A Bela Intrigante” (1991), de Jacques Rivette.
- Você encontra o filme facilmente garimpando na internet.