Rocky 2 – A Revanche (Rocky 2 – 1979)
Rocky (Sylvester Stallone) promete à sua esposa grávida, Adrian (Talia Shire), que nunca mais irá subir aos ringues. Porém, por causa da falta de dinheiro, ele aceita a proposta de uma nova luta contra Apollo Creed (Carl Weathers), que quer provar que não venceu Rocky por sorte.
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O primeiro filme pode ser mais lembrado e respeitado pelos colegas críticos mais inseguros, mas o trabalho de Sylvester Stallone neste segundo projeto como roteirista e diretor é o responsável pelo amor do público mundial com o protagonista, ele insere na trama vários elementos dramáticos que enriquecem o seu desenvolvimento, criando oportunidades para expandir o lado humano da história, por conseguinte, favorecendo também os personagens secundários. É um filme superior em vários aspectos.
Eu considero brilhante a construção do roteiro, do pequeno grande momento em que o pugilista, ainda sofrendo as dores da luta, respeitosamente acorda seu oponente no hospital, apenas para perguntar honestamente se ele havia dado o seu melhor naquela noite, passando pela humilhação que ele sente por ler mal, algo que atrapalha sua carreira na publicidade, atravessando o drama da esposa amada em estado de coma após o nascimento de seu filho, até a inteligente e plena em simbologia definição da revanche com um teste de pura força de vontade, a obra, com apurado senso de ritmo, agarra o público pelo coração e não larga mais!
A sequência de treino do original ficou retida no imaginário dos espectadores, logo, havia um desafio considerável. Stallone potencializou a carga metafórica, dividindo em dois segmentos, tendo como ponte uma breve cena que evidencia o gesto de proteger o bebê, o amanhã, a esperança do homem que foi alimentada pela milagrosa recuperação de sua querida Adrian.
Ao festejar a vida da mulher no leito médico, ele insinua que vai abandonar a arriscada carreira nos ringues, no que ela, com sorriso tranquilo, pede que ele aproxime o rosto, afirmando que deseja que ele faça algo por ela: VENÇA. Se ele permitisse que o medo guiasse sua decisão, jamais faria as pazes com sua consciência. O treino se inicia, focado na resistência e na capacidade de se adaptar rapidamente ao novo.
A segunda etapa é ainda mais empolgante, recurso que deve ter surpreendido positivamente as plateias da época, ao som de “Gonna Fly Now”, vemos Rocky correr pelas ruas da cidade que estava acordando. O roteiro deixa claro nesta montagem o carinho que ele conquistou de todos, patrões e empregados, adultos e crianças, a forte identificação que o coletivo sente pelo azarão esforçado.
Ele passa por bandeiras da Itália e dos Estados Unidos, simbolizando diretamente o sonho americano que ele personifica, até que um grupo pequeno de adolescentes de origem simples começa a seguir seus passos, atitude que ele estimula, o convite alegórico à vitória do suor no rosto, contra a vitimização.
A mensagem linda é transmitida visualmente, o grupo de seguidores vai aumentando, admirados pela sua força de caráter, enquanto ele pula obstáculos, até alcançar um ponto em que, acompanhado por uma multidão, com bandeiras do mundo todo tremulando ao vento, Rocky, incentivado pelo grito de um dos adolescentes, acelera o ritmo, objetivando vencer os degraus da escadaria como se estivesse voando.
No topo, como uma ilha cercada pelos filhos do amanhã, pelo futuro, o pugilista autêntico que expõe o inquestionável favoritismo se mostra preparado para enfrentar novamente a máquina de propaganda de Apollo Creed.
Cotação:
Trilha sonora composta por Bill Conti: