No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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O Beijo da Morte (Kiss of Death – 1947)
Nick Bianco (Victor Mature) é preso durante um assalto. Inicialmente, ele se recusa a entregar os comparsas, mas um evento mudará tudo.
O diretor norte-americano Henry Hathaway não é muito lembrado hoje em dia, mas ele foi um dos mais competentes de sua geração. Ele começou sua carreira na era do cinema silencioso, atuou como assistente em obras de Josef von Sternberg, Victor Fleming, John Cromwell e no épico “Ben-Hur” (1925), de Fred Niblo.
O faroeste foi o gênero em que se aventurou com segurança na década de 30, imprimindo sua assinatura criativa, mas seu posterior ciclo noir é poderoso, com destaque para “O Beijo da Morte”, com Victor Mature e, estreando com brilhantismo, Richard Widmark.
O projeto foi pensado como veículo para explorar o potencial que o lendário produtor Darryl F. Zanuck enxergou em Mature, após sua participação em “Paixão dos Fortes”, mas acabou que o ator foi eclipsado pelo trabalho verdadeiramente impecável de Widmark.
Hathaway exercita desta feita um estilo que bebe da fonte dos documentários, visceral, objetivo, debruçado na credibilidade que o elenco garante nas cenas, conseguindo injetar um nível considerável de tensão em sequências aparentemente tranquilas, em que a ação é interna, fortalecida pelas motivações dos personagens.
A cena mais famosa é uma aula de suspense que segue eficiente, envolvendo o mafioso psicopata vivido por Widmark e uma indefesa mulher em uma cadeira de rodas.
- Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.