Harold Clayton Lloyd é um dos artistas mais importantes da era de ouro do cinema norte-americano. O único colega que rivalizava com ele em seu apreço por correr riscos realizando acrobacias perigosas era Buster Keaton.
Durante uma sessão de fotos publicitárias em agosto de 1919, um acidente com uma bomba confundida com um adereço resultou na perda do polegar e do dedo indicador de sua mão direita, algo que ele disfarçou o resto da vida utilizando uma luva protética nas filmagens.
A sua presença de cena convidava à empatia imediata, o tipo que usualmente defendia, o tímido adorável e ingênuo de óculos (sem lentes, vale destacar) que dava conta do recado, o homem comum que enfrentava situações incomuns, conquistou rapidamente o coração do público.
Lloyd faleceu em 8 de março de 1971, aos 77 anos idade, mas a sua arte segue viva e eficiente. O seu estilo sobreviveu bem ao teste do tempo.
O meu primeiro contato com a sua obra foi na infância, na mesma época em que acompanhava na TV o “Festival Carlitos”, que era apresentado pelo saudoso Carlos Heitor Cony. Eu alugava as fitas VHS lançadas pela Continental Vídeo, e, anos depois, já no início da internet discada, devorava toda informação que conseguia encontrar sobre ele.
Uma curiosidade, lembro bem do dia em que, relaxando após uma manhã angustiante na escola, acompanhava boquiaberto as peripécias de Jackie Chan no VHS de “Projeto China”, quando reconheci a homenagem nada sutil à cena mais famosa de “O Homem Mosca”, em que Lloyd se pendura no ponteiro do relógio no alto do prédio.
Eu, facilitando o seu garimpo cultural diário, selecionei os 5 momentos que considero essenciais na carreira deste tesouro da era silenciosa do cinema.
Prepare a pipoca, aperte o play e boa sessão!
O Homem Mosca (Safety Last! – 1923)
Um homem do interior, simples e otimista, muda-se para a cidade grande com a esperança de ganhar dinheiro o suficiente para poder buscar a namorada e se casar com ela. Ao conseguir um emprego de vendedor numa loja de departamento, ele começa a enviar presentes para convencê-la de que está bem-sucedido.
O Ás da Velocidade (Speedy – 1928)
Depois de perder seu emprego, Speedy começa a trabalhar como motorista de táxi. Ele descobre um esquema da companhia de trens para acabar com os bondes puxados a cavalo. Os bondes pertencem ao pai da sua namorada, então Speedy organiza os moradores mais antigos do bairro para tentar impedir os planos da companhia de trens.
O Maricas (Girl Shy – 1924)
Harold Meadows é um aprendiz de alfaiate completamente tímido com as mulheres que decide paradoxalmente escrever um manual chamado “O Segredo de Fazer Amor”.
O Menino da Vovó (Grandma’s Boy – 1922)
Um jovem extremamente tímido disputa o amor da amada com outro. A sua avó lhe presenteia com um amuleto que lhe dará o poder para vencer as dificuldades. Este talismã desperta as potencialidades adormecidas do rapaz e ele parte para o confronto com seu rival.
O Calouro (The Freshman – 1925)
Um jovem extremamente tímido decide entrar para o time de futebol americano do colégio para se tornar popular e conquistar uma garota.