Mutação (Mimic – 1997)
A cientista Susan Tyler (Mira Sorvino) cria um inseto geneticamente modificado para eliminar baratas que transmitem doenças. Mas os novos insetos se modificam, se reproduzem e querem destruir seu único predador: a humanidade.
Eu lembro que este filme não chamou muita atenção na época de sua estreia, a sua passagem pelas locadoras de vídeo também foi pouco expressiva, mas em revisão recente, no superior corte do diretor, fiquei impressionado com a inteligência na utilização do tema, e, mais ainda, com o seu clima pesado, perturbador, o realismo doentio e corajoso que simplesmente não existe mais na indústria.
O diretor mexicano Guillermo del Toro tinha no currículo apenas a pérola vampírica “Cronos” (1992) quando recebeu a proposta da Miramax. O seu estilo era perceptível no produto final, ainda que não com a mesma segurança que viria a conquistar, mas ele estava incomodado com as constantes reclamações dos executivos do estúdio. O conceito que eles buscavam era convencional, padronizado, o típico sci-fi/terror que dominou a década de 90, não havia espaço para uma arriscada assinatura criativa.
Anos depois o diretor conseguiu lançar em mídia física o seu corte, com adições de cenas que ajudavam a aprofundar um pouco o desenvolvimento dos personagens, um dos problemas mais óbvios na versão original, e a exclusão de uma breve cena em tom cômico verdadeiramente ruim, de mau gosto, que mostrava duas crianças tropeçando em moradores de rua no subsolo da estação de metrô.
Um dos pontos importantes na obra é a mistura de truques de câmera e efeitos práticos nas criaturas, elementos que, amalgamados às sombras na fotografia do dinamarquês Dan Laustsen, conseguem criar um senso de suspense que vai gradativamente se tornando mais apavorante, conduzindo o público até o acelerado terceiro ato.
O elenco é abrilhantado pela presença sempre competente de Giancarlo Giannini, F. Murray Abraham e de um jovem Josh Brolin.
- Você encontra o filme no corte do diretor garimpando na internet.