No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Serpente de Luxo (Baby Face – 1933)
Amoral alpinista social utiliza o corpo como arma, usando seu charme para chegar, de cama em cama, a uma posição social que ela considera à sua altura.
Em “Serpente de Luxo”, com direção de Alfred E. Green a partir de uma história de Darryl F. Zanuck, magnata da indústria de cinema que sabia exatamente do que estava tratando, Barbara Stanwyck vive Lily, uma jovem de família pobre que foi explorada durante a infância e adolescência pelo pai, um jogador bêbado.
Chico, a empregada vivida por Theresa Harris, havia acabado de ser despedida por quebrar uma bandeja de taças, quando a jovem parte para cima do pai em defesa dela, um laço de amizade com clara insinuação de romance trabalhado no roteiro que, especialmente em um período intensamente preconceituoso, merece ser salientado pela tremenda coragem.
Lily então decide subir socialmente na vida revidando sem piedade os abusos sofridos, aconselhada pelas leituras de Nietzsche, devolvendo na mesma moeda, explorando todos os homens que encontra pela frente.
Ela, em uma sequência visualmente brilhante, galga rapidamente degraus no prédio do banco em que trabalha ao se oferecer para seus superiores, com a câmera acompanhando sua jornada pelo lado de fora do edifício, evidenciando as melhorias de cargo.
A natureza da protagonista vai contra tudo o que os censores tentavam celebrar na época.
- Você encontra o filme com facilidade garimpando na internet.