No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Os Visitantes da Noite (Les Visiteurs du Soir – 1942)
No final do século XV, menestréis (Alain Cuny e Arletty) são enviados pelo demônio (Jules Berry) para corromper a raça humana, espalhando a discórdia no castelo do Barão Hughes.
Pérola do realismo poético, esta obra do saudoso diretor francês Marcel Carné foi filmada durante a ocupação nazista no país, um cenário intensamente conturbado e que, nas mãos de um realizador criativo e apaixonado, alimentou ainda mais a sua coragem, dada a natureza obviamente alegórica do roteiro, assinado pelo grande poeta Jacques Prévert.
A estrutura narrativa é teatral, fria, os diálogos, por conseguinte, soam quase sempre artificiais, mas esta é a proposta da trama, uma onírica fábula, visualmente representada já nos primeiros trinta minutos, na brilhante sequência em que a celebração do casamento é interrompida pelos visitantes, literalmente congelando os participantes do evento. Mais para frente, quando entra em cena o falastrão diabo, a entrega calorosa de Jules Berry contrasta inteligentemente com o tom que havia sido estabelecido.
“Os Visitantes da Noite” é um tesouro que verdadeiramente merece ser redescoberto.
- Você encontra o filme legendado com facilidade no Youtube.