Mussum, o Filmis (2023)

A trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum (Aílton Graça), dos Trapalhões. A infância pobre, a carreira militar, a relação com a Mangueira e o sucesso com o grupo Originais do Samba, além dos bastidores como integrante dos Trapalhões.

O roteiro do sempre competente Paulo Cursino faz todas as escolhas certas, elegantemente evita se debruçar em polêmicas relacionadas ao grupo “Os Trapalhões”, tampouco se desvia do lado família do homenageado para perder tempo maculando o legado dos seus colegas. Ele evidencia desde o início o leitmotiv do poder de escolha, traçando um caminho emocional objetivo, sem gordura extra.

Um ponto que se destaca, principalmente no primeiro ato, é como as transições temporais são inseridas organicamente na narrativa, não são firulas estéticas. A estrutura não ousa fugir do lugar comum, inicia em um momento dramaticamente denso, depois conduz o público pelo recurso do flashback até a infância do personagem. Como a proposta da obra, algo já perceptível na ideia do título, é puramente popular, aproveitando o lugar de destaque do Mussum na memória afetiva do brasileiro, esta opção se torna compreensível.

Vale destacar no elenco o trabalho impecável de Vanderlei Bernardino, vivendo Chico Anysio, um desafio absurdo que o ator supera com tremenda segurança. O único que se aproxima desta excelência na entrega é Aílton Graça, que basicamente nasceu para interpretar o saudoso Antônio Carlos Bernardes Gomes.

Ele resgata trejeitos sutis que somente os fãs mais ardorosos vão lembrar, facilitando a compreensão das suas motivações na vida pessoal e a gradativa construção de sua persona pública. Yuri Marçal defende o artista em seus primeiros passos, peca um pouco ao forçar a caricatura em alguns momentos, mas nada que prejudique a experiência.

A cena mais bonita é aquela em que acompanhamos a preocupação do filho com a mãe, Malvina, na cama confortável de casa, após a saída da senhora do hospital. Neusa Borges faz valer cada palavra, os seus olhos transmitem dor, orgulho e profundo amor.

O filme é simples como seu homenageado, cumpre seu papel com inteligência.

Cotação: devotudoaocinema.com.br - Crítica de "Mussum, o Filmis", de Sílvio Guindane, no NET NOW



Viva você também este sonho...

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