No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Filhos e Amantes (Sons and Lovers – 1960)
Quando se é jovem, as possibilidades tendem a ser limitadas pelos receios dos mais experientes. O mundo ainda é um vasto campo que clama por exploração, com alguns obstáculos que devem ser superados e até mesmo algumas quedas que não devem ser evitadas.
Paul (Dean Stockwell) deseja ter seu talento como artista reconhecido, porém vive em um ambiente de ambições muito mais modestas. O seu rude pai, vivido por Trevor Howard, enxerga apenas riscos no desenho de seu filho, um desperdício de papel e duas mãos a menos a lhe auxiliar no trabalho nas minas de carvão.
Aquele rosto coberto pela fuligem que o jovem retrata em seu trabalho, símbolo do homem que se esconde por trás do suor e dos ímpetos de violência contra sua amada mãe, excelente interpretação de Wendy Hiller, um ser que o filho desconhece, amante do álcool e da autocomiseração. A vida do garoto muda quando recebe a oportunidade de vivenciar seu sonho na cidade grande, tornar-se aquele homem que já era, mas não acreditava ser. O amor pela mãe e o afeto por uma jovem (Heather Sears) colocam em dúvida seu destino.
Adaptado do livro de D.H. Lawrence, esta produção transborda requinte em sua bela fotografia em preto e branco, de Freddie Francis. A direção do inglês Jack Cardiff (um fotógrafo excepcional, mas um diretor limitado, que terminaria sua carreira realizando obras ruins como o terror “Estranhas Mutações”, em 1974) é elegante e objetiva, sem nunca querer aparecer mais que sua matéria-prima.
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