No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Furtivos (1975)
O trabalho do diretor e crítico espanhol José Luis Borau é desconhecido por grande parte dos cinéfilos brasileiros. Eu tive contato na adolescência com dois de seus filmes (de um total de dez, excluindo curtas e documentários, lançados entre 1964 e 2000), em sua língua original e sem o auxílio do nosso mercado de home video, mas foram suficientes para admirar seu talento.
Eu me recordo bem de “Tata Mía” (1986), as fortes presenças de Carmen Maura e a excelente Imperio Argentina, além da coragem do roteiro ao abordar temas muito espinhosos com extrema sensibilidade e doçura.
“Furtivos” é sua pérola mais reconhecida e premiada, com o corajoso diretor, que vive o governador, utilizando-se de uma caçada em um bosque como analogia para a ditadura franquista.
Na trama, a mãe, excelente interpretação de Lola Gaos, e o filho, vivido por Ovidi Montllor, vivem isolados em um ambiente devastado, representando um país atrasado, vítimas do sistema. O jovem se apaixona por uma moça em uma de suas visitas à cidade, levando sua tirânica mãe à loucura, culminando em cenas graficamente fortes, como o confronto pleno em simbolismo entre lobas superprotetoras.
Pode ser difícil encontrar seus filmes, mas recomendo que sejam arqueólogos nesta arte e descubram o talento deste incrível realizador.
- Você encontra o filme garimpando na internet.
Trailer: