No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera – 1990)
O conde (Adam Storke) de Chagny descobriu o talento de Christine (Teri Polo) para cantar num mercado e enviou-a ao seu amigo Carriere (Burt Lancaster), o diretor da ópera parisiense. Mas justamente quando ela chega, Carrière é dispensado. O seu arrogante sucessor se recusa a permitir que uma mulher de origem humilde cante em sua ópera. Os novos gerentes colocam a jovem para trabalhar no departamento de figurinos. Depois de um curto período de tempo lá, Christine é ouvida cantando na calada da noite pelo lendário Fantasma (Charles Dance), que se esconde bem abaixo do teatro.
Eu considero o trabalho do saudoso diretor britânico Tony Richardson problemático, gosto da adaptação do clássico literário “Tom Jones” (1963) e de sua despedida, “Céu Azul” (1994), apesar das falhas estruturais e algumas opções equivocadas, mas não nutro carinho por títulos usualmente celebrados em sua carreira, como “Um Gosto de Mel” (1961) e “A Solidão de Uma Corrida Sem Fim” (1962), obras que perderam vários pontos em revisão.
O seu melhor momento foi na tela pequena, a sua interpretação para “O Fantasma da Ópera”, de Gaston Leroux, uma elegante minissérie em dois episódios, filmada na Ópera Garnier, que tomou como inspiração a peça “Phantom” (retirando o elemento musical), de Arthur Kopit e Maury Yeston, que foi eclipsada ao longo do tempo pela majestosa adaptação de Andrew Lloyd Webber.
O meu primeiro contato com a minissérie foi na adolescência, no início do DVD no Brasil, adquiri com o jornaleiro, uma edição que vinha junto com uma revista. Como eu já era fascinado pela história original, comprei sem pensar duas vezes.
As motivações dos personagens, ao contrário do livro original, ganham camadas psicológicas que enriquecem o resultado. O aspecto trágico inerente ao protagonista nunca foi tão bem esmiuçado.
Tudo faz mais sentido, o lado humano é potencializado, por conseguinte, o melodrama não soa em nenhum momento piegas, cafona, a maturidade emocional desta versão é representada com brilhantismo na entrega de Charles Dance, que injeta sarcasmo e genuína sagacidade em suas cenas.
- Você encontra a minissérie em DVD e, claro, garimpando na internet.