No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Variedades (Varieté – 1925)
O ex-trapezista Boss Huller (Emil Jannings) cuida de um show decadente com a esposa (Maly Delschaft) e filho. Quando conhece a sedutora Berta-Marie (Lya De Putti), ele deixa a família para trás e vai para Berlim, transformando-a em sua parceira em um novo número de trapézio.
Uma obra fundamental do kammerspiel (teatro de câmara) alemão, movimento que dominou o início da década de 1920, inspirado pela estética teatral de Max Reinhardt, caracterizado pelo minimalismo cênico e pelo foco na psique dos personagens.
A direção de Ewald André Dupont também explora bastante elementos do que eventualmente seria chamado de neuen sachlichkeit (nova objetividade), como uma abordagem menos sentimentalista, mais realista, com sequências que inteligentemente evidenciam simbolismo, um direcionamento que foi captado brilhantemente na fotografia inovadora do brilhante Karl Freund.
A estupenda atuação de Emil Jannings neste conto moral torna crível o sofrimento do personagem, facilitando para que o público sinta empatia por alguém cuja atitude foi imperdoável.
- Você encontra o filme com facilidade garimpando na internet.