No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Agnaldo, Perigo à Vista (1969)
Em plena ascensão, o cantor Agnaldo Reis (Agnaldo Rayol) vê-se obrigado a escapar da perseguição da quadrilha de Baby (David Cardoso), que exige do artista uma propina mensal em troca de proteção. O rapaz elabora um engenhoso plano de fuga.
No momento em que escrevo este texto, alguns dias se passaram do falecimento de Agnaldo Rayol, uma das vozes mais bonitas da música brasileira de todos os tempos.
Um artista versátil que também se aventurou no cinema, ele participou de produções do Mazzaropi, como “Jeca Tatu” e “Zé do Periquito”, atuou com Grande Otelo em “Pistoleiro Bossa Nova” e, ainda na infância, em “Também Somos Irmãos”, mas também protagonizou uma pérola aos moldes do que Elvis Presley realizava nos Estados Unidos, fórmula que havia sido emulada por aqui na época por Roberto Carlos. A obra até conta com a participação especial de Erasmo e Wanderléa, além de Jô Soares e do grande Ronald Golias.
Roteirizado e dirigido por Reynaldo Paes de Barros, “Agnaldo, Perigo à Vista” também bebe generosamente da fonte nonsense de “Os Reis do Iê, Iê, Iê”, de Richard Lester, o melhor trabalho cinematográfico dos Beatles, mas o resultado é tecnicamente bastante inferior. Ele cumpre bem a proposta, o carisma de Rayol facilita a imersão.
Um documento histórico valioso que não pode se manter esquecido nas prateleiras empoeiradas do tempo.
- Você encontra o filme com facilidade no Youtube.
Trecho em que Agnaldo Rayol canta “Pra Ganhar Meu Coração”: