No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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Dançando Pela Vida (Dansen med Regitze – 1989)
A história de uma mulher (Ghita Nørby) inteligente e voluntariosa, que dominava o marido (Frits Helmuth) e todos os homens em sua volta. Numa festa, em um chalé nas montanhas, ela mostra todo o seu poder, provocando um inesperado desfecho.
O meu primeiro contato com este premiado filme dinamarquês foi na década de 90, alugando a fita VHS na RG Vídeo, de Vila Isabel (RJ), lembro que fiquei impressionado com a estrutura do roteiro, que alternava períodos de tempo no fluxo de pensamento do marido durante uma festa, conectados inteligentemente por pequenos gestos aparentemente comuns.
O público só descobre a bela simbologia por trás da festa no final, mas não é algo tão inesperado, nem é pensado desta forma, a bonita imagem que fecha a trama sintetiza a mensagem, a jornada do homem no crepúsculo da vida através das memórias doces e tristes ao lado da mulher amada.
Há refinado senso de humor, uma opção que traz necessária leveza, destaco a ótima sequência em que a esposa, inspirada pelo espírito natalino, convida um morador de rua para jantar com sua família. A atitude inusitada, que não é inicialmente bem recebida pelo marido, acaba sendo o estopim para uma noite divertida, quando o convidado aparece à porta com vários companheiros.
“Dançando Pela Vida” é uma pérola injustamente esquecida da década de 80 que merece ser redescoberta.
- Você encontra o filme com facilidade garimpando na internet.