LEIA AQUI O MEU TEXTO SOBRE “ROBERTO CARLOS EM RITMO DE AVENTURA”
Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa (1970)
Wanderléa, Roberto Carlos e Erasmo Carlos estão no Japão, quando Wanderléa decide comprar um estatueta antiga. Após a compra, eles são perseguidos por um líder de uma quadrilha de lutadores orientais. Roberto e Erasmo vão para Israel, mas Wanderléa fica presa no Japão e eles recebem a estatueta no hotel. Um samurai aparece dizendo que ele irá proteger os donos da mesma. Então, Roberto e Erasmo pedem para que ele resgate Wanderléa para que, unidos, possam entender o motivo da perseguição.
O tom exótico do filme já se apresenta logo nas primeiras cenas, com samurais duelando na praia, e vai se intensificando na escolha da canção dos créditos: “As Curvas da Estrada de Santos”, como moldura para uma montagem nas ruas do Japão. Roberto Farias deixa ainda mais clara com estas escolhas a inspiração na fórmula destrambelhada do “Help!” (1965), de Richard Lester.
A inserção de Wanderléa e Erasmo Carlos na trama, além de evocar a nostalgia do movimento da Jovem Guarda (o programa havia sido encerrado em 1968), alivia o peso da responsabilidade de Roberto Carlos, ele se mostra perceptivelmente mais relaxado em cena, atuando melhor, convidando o público a entrar na brincadeira.
O protagonista é devidamente apresentado cantando o excelente soul “Não Vou Ficar” (composta por Tim Maia), com atitude roqueira, balançando a guitarra, uma imagem que destoa bastante do tipo que ele abraçou plenamente a partir da década de 80, quando o seu “Coronel Tom Parker” (leia-se, o contrato de exclusividade com a Globo) efetivamente tolheu a sua evolução criativa.
Com o cantor desferindo golpes de karatê e empunhando uma katana, “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa”, apesar de ser menos coeso que o projeto anterior, ganha pontos no quesito da diversão descompromissada.
- Você encontra o filme com facilidade no Youtube.
Aproveitando o ensejo, complementando a lista de discos favoritos DESTA postagem, selecionei abaixo 3 ótimos trabalhos usualmente pouco celebrados do Roberto Carlos, pérolas que merecem ser lembradas com mais carinho:
Roberto Carlos (1973)
Adoro a sonoridade cativante de “A Cigana”, “Atitudes” e “Palavras”, a levada soul de “Não Adianta Nada”, a letra espetacular de “Rotina” e a beleza de “O Homem”, talvez a mais elegante canção de temática religiosa no repertório de Roberto. Outras pérolas do disco: “O Moço Velho” e a versão dele para o clássico de Carlos Gardel, “El Día Que Me Quieras”. E, claro, a sensível e poética “Proposta”.
Roberto Carlos (1989)
“Amazônia” poderia ser um bobo panfleto ecológico, mas a letra é inteligente e o arranjo é verdadeiramente fascinante. “Tolo” é uma canção linda que se estivesse nos discos da década de 70 seria lembrada com mais carinho. “O Tempo e o Vento” é positivamente pretensiosa. Gosto bastante da versão dele para o fado “Nem às Paredes Confesso”. O samba “Só Você Não Sabe” também surpreende, muito charmoso. Neste disco também está a bonita versão em espanhol da clássica composição de Charles Chaplin, “Sonrie (Smile)”.
Roberto Carlos (1993)
Este foi o disco que me apresentou a obra do Roberto na infância, gostava tanto da excelente “Obsessão” que pedi a fitinha K7 para meus pais. “Coisa Bonita” tocava o tempo todo nas rádios, o arranjo pode ser pouco inspirado, mas é simpática. “O Velho Caminhoneiro” é daquelas melodias que não saem da mente. Gosto bastante de “Hoje é Domingo” e “Tanta Solidão”, pérolas de alta qualidade que caberiam perfeitamente nos discos da década de 70. “Mis Amores” é uma adorável canção em espanhol. E o que escrever sobre “Nossa Senhora”? Uma das canções de temática religiosa mais lindas de todos os tempos.