Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968)
O ídolo Roberto Carlos é perseguido por um bando que pretende utilizá-lo para a produção em massa de canções com a ajuda de um inusitado cérebro eletrônico. O Rei está rodando um filme com o vilão francês Pierre, mas é obrigado a fugir de helicóptero, avião, automóvel, tanque e até foguete espacial.
O diretor Roberto Farias utiliza a fórmula destrambelhada da parceria entre Richard Lester e os Beatles, com pitadas generosas de elementos das produções protagonizadas por Elvis Presley, e, em dose moderada, o charme dos musicarelli italianos defendidos por Gianni Morandi.
O resultado é, graças ao carisma de Roberto Carlos e a alta qualidade das músicas, muito simpático.
A trama é propositalmente confusa, com o protagonista quebrando a quarta parede, desconstruindo os clichês hollywoodianos. O fato de não se levar a sério é um ponto muito positivo, convida o público a entrar na brincadeira.
O desfecho apoteótico, com direito a tanques de guerra e um amistoso empate entre o bem e o mal, evidencia uma segurança criativa raramente demonstrada no cinema brasileiro.
Uma cena que considero brilhante é o monólogo do saudoso José Lewgoy, explorando sua persona de vilão cinematográfico, celebrando a primeira possibilidade real de não ser eliminado no fim.
- Você encontra o filme com facilidade no Youtube.
Aproveitando o ensejo, selecionei abaixo os meus 7 discos favoritos do Roberto Carlos em ordem de lançamento, destacando as melhores canções:
Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1967)
“Eu Sou Terrível”, “Como é Grande o Meu Amor Por Você”, “Por Isso Corro Demais”, “Quando”, “Você Não Serve Pra Mim”, “E Por Isso Estou Aqui” e “O Sósia”, ótimas canções que grudam na mente, além de pérolas como “É Tempo de Amar” e “De Que Vale Tudo Isso”.
Roberto Carlos – O Inimitável (1968)
“E Não Vou Mais Deixar Você Tão Só”, “Se Você Pensa”, “Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo”, “Quase Fui Lhe Procurar”, “Ciúme de Você”, “O Tempo Vai Apagar” e a espetacular “Não Há Dinheiro Que Pague”.
Roberto Carlos (1969)
“As Flores do Jardim de Nossa Casa”, “Aceito Seu Coração”, “Nada Vai Me Convencer”, “Do Outro Lado da Cidade”, “Não Adianta”, “Não Tenho Nada a Perder”, a instrumental “O Diamante Cor de Rosa” e as espetaculares “Sua Estupidez”, “Não Vou Ficar” e “As Curvas da Estrada de Santos”… Ficou faltando só “Quero Ter Você Perto de Mim” e a adorável “Oh! Meu Imenso Amor”. Sim, 100% de aproveitamento, o disco é impecável.
Roberto Carlos (1971)
“Como Dois e Dois”, “A Namorada”, “Você Não Sabe o Que Vai Perder”, a linda “Traumas”, “Eu Só Tenho um Caminho”, a lindíssima “De Tanto Amor” e as espetaculares “Detalhes”, “Todos Estão Surdos”, “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” e “Amada Amante”.
Roberto Carlos (1975)
A ótima regravação de “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, “Amanheceu”, “Existe Algo Errado”, “Elas Por Elas”, a adorável “El Humahuaqueño”, “Mucuripe” e as espetaculares “Seu Corpo”, “Além do Horizonte” e “Olha”… E não posso esquecer daquela que é a minha canção favorita no repertório do Roberto, a belíssima “O Quintal do Vizinho”.
Roberto Carlos – San Remo 1968 (1976)
Este não é um disco de inéditas, mas considero a compilação de compactos lançados nos anos anteriores uma experiência auditiva muito agradável, melhor do que tudo que ele lançou a partir de 1980. As fantásticas “Canzone Per Te” e “Un Gatto Nel Blu”, “Eu Daria Minha Vida”, “Você Me Pediu”, “Eu Amo Demais”, “Eu Disse Adeus”, os sambas “Maria, Carnaval e Cinzas” e “Ai Que Saudades da Amélia”, “Com Muito Amor e Carinho” e as espetaculares “Sonho Lindo”, “Custe o Que Custar” e “O Show Já Terminou”. Sim, novamente 100% de aproveitamento.
Roberto Carlos (1979)
Considero este o último grande disco do cantor, há músicas maravilhosas nos discos posteriores, mas o todo é usualmente mediano. Neste, destaco “Abandono”, “O Ano Passado”, a linda “Me Conte a Sua História”, a lindíssima “Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo” e as espetaculares “Na Paz do Seu Sorriso”, “Voltei ao Passado” e “Desabafo”.