No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não é entregar uma longa análise crítica, algo que toma bastante tempo, mas sim, uma espécie de drops cultural, estimulando o seu garimpo (lembrando que só serão abordados filmes que você encontra com facilidade em DVD, streaming ou na internet). O formato permite que mais material seja produzido, já que os textos são curtos e despretensiosos.
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A Ponte (The Bridge – 1929)
O primeiro trabalho do saudoso diretor húngaro Charles Vidor (de “Gilda” e “À Noite Sonhamos”) foi este brilhante curta-metragem da maravilhosa era silenciosa.
A ausência de intertítulos facilita a compreensão universal da obra, que adapta o conto “Um Incidente na Ponte de Owl Creek”, de Ambrose Pierce, utilizando a linguagem imagética, as transições e o recurso de interromper a cronologia narrativa para mostrar eventos futuros, explorando a angústia de um indivíduo consciente de que vive seus últimos minutos, enquanto aguarda em uma ponte o ritual militar de uma punição pública.
O público não sabe quem é o homem, nem o motivo de sua execução, logo, somos pegos de surpresa quando a imagem mente, a corda se rompe e o roteiro proporciona ao personagem uma oportunidade de fuga, naturalmente torcemos por sua sobrevivência. Neste momento, a confusão mental é representada pelo intenso fluxo de cenas, resgates emocionais da infância tranquila e protegida, vislumbres de um amanhã possivelmente redimido, a atuação de Nicholas Bela facilita a imersão.
Ao final, após o retorno brutal da realidade, compreendemos o motivo, o homem era um espião. O curta te prende por 10 minutos, a sua técnica não envelheceu, uma obra que merece ser aplaudida de pé.
- Você encontra o curta com facilidade no Youtube.